[RESENHA] O Homem do Futuro (2011)

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Com a direção e o roteiro de Claudio Torres, O Homem do Futuro é uma comédia romântica que mescla elementos de ficção cientifica e que trata com humor os arrependimentos de João/Zero (Wagner Moura). João é um infeliz cientista que decide retornar ao passado com sua máquina do tempo para fazer alterações no futuro. Tudo porque foi humilhado publicamente há 20 anos e perdeu o grande amor de sua vida, Helena (Alinne Moraes). Ao interferir em seu destino, ele volta para o presente e percebe que a mudança foi drástica e que alterar o espaço-tempo, só piorou a sua situação. Agora ele terá que voltar novamente para consertar sua vida o mais rápido possível.

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Já é de lei eu me interessar por filmes que tenha o Wagner Moura no elenco, mas, além disso, o que me chamou a atenção nesse caso foi essa narrativa que se mostra completamente diferente do nosso cinema atual. Viajar no tempo é uma das coisas mais interessantes que a ficção cientifica nos proporciona: esses paradoxos temporais que nos transportam pra qualquer lugar e em qualquer passado distante ou não distante. Não é apenas mais uma comédia de domingo onde o foco principal é fazer o expectador dar risada sem nem ao menos ter um forte roteiro, sendo apenas mais um entretenimento. Tem história, tem conteúdo, tem inicio, meio e fim e se difere dos gêneros que a indústria cinematográfica brasileira vem nos apresentando. HDF chegou até ser comparado ao clássico Back To The Future, já que em ambas as histórias os protagonistas retornam ao passado e fazem alterações para consertarem sua vida. Mas ao voltarem, não encontram tudo tão arrumado assim, muito pelo contrário.

Apesar de não ter tido um grande público no cinema, considero O Homem do Futuro um filme incrível. Tanto pela atuação do elenco, quanto pela fotografia, trilha sonora (que possui REM, Legião Urbana, Radiohead etc <3), figurino (as roupas de astronauta de João apesar de um pouco passadas, são visivelmente bem feitas e aproveitadas) e principalmente roteiro, já que na época em que foi lançado, ele se destacou de outros títulos que abordavam praticamente o mesmo tema.

Muito se discute o fato do cinema nacional produzir um único tipo de filme para o grande público (e todos sempre com o mesmo elenco): favelas, favelas, favelas, comédias, filme de sessão da tarde e filmes a lá cinema europeu. É inegável que o tipo de cinema feito é um reflexo da identidade do país, mas tenho certeza que a realidade brasileira não se resume apenas aos morros do Rio de Janeiro, a violência, ao sexo e a necessidade de querer copiar o cinema francês.

Claudio Torres com este filme não quis explorar ou estuprar essa característica brasileira pra fazer filmes em meio a tantas comédias pré-fabricadas que foram lançadas ao longo dos últimos anos. Claramente não generalizo, há muitas coisas incríveis para se assistir e se fazer aqui, mas sinto falta de uma variação de gêneros. Sinto falta de termos filmes que abordam temas como fantasia, terror, musicais, suspense etc. Falta inovar e ter vontade de mudar a cara desse cinema que sempre conta as mesmas coisas e coisas essas que podemos ver todos os dias nas ruas. Neste caso tudo é questão de cultura. Nós não temos uma espécie de cultura hollywoodiana, mas não vamos saber se não tentarmos explorar coisas novas.

Além de mudar um pouco a cara do cinema nacional, o Homem do Futuro possui um viés de questionamento. Aborda o egoísmo e o potencial para o bem e o mal que existe dentro de cada pessoa, mostrando todas as faces possíveis do personagem principal. João acaba sendo mocinho e vilão ao mesmo tempo. Drama e comédia.

TRAILER: 

2 comentários sobre “[RESENHA] O Homem do Futuro (2011)

  1. Também gostei muito deste filme ! Fugiu das temáticas padrões do cinema nacional, mostrando que temos talento para abordar outros temas ! Um filme muito bem feito e divertido ! Ótima companhia para BTTF !

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